Este é um projeto sócio-cultural que prima pela vivência musical de crianças, Jovens, adolescentes, adultos e pessoas da terceira idade, adotando metodologias pedagógicas contemporâneas de ensino e aprendizagem musical de forma diferente e inovadora. É dessa forma que podemos definir o ensino da música na Associação dos Deficientes Visuais do Acre (ADEVI), onde o professor licenciado em letras português/ espanhol e formando 2012 do curso de música da UAB/UNB, José Eliziário de Moura ensina pessoas com deficiência visual (cegos e com baixa visão) a tocar instrumentos como teclado, violão, contra-baixo, guitarra e bateria, além de ensinar noções básicas de técnica vocal para aqueles que preferem cantar em vez de tocar qualquer instrumento. Vale ressaltar que a contribuição da etnomusicologia, da sociologia e antropologia da música, sem dúvida, tem sido um fator determinante para o entendimento da música como prática social e, principalmente, na reabilitação de pessoas com necessidades especiais.
Sabemos que o ensino de música para pessoas com ausência da visão é um desafio para qualquer professor, principalmente no estado do Acre por conta da escassez de materiais didáticos. Muitos alunos chegam à ADEVI sem nenhuma noção de música, mas com um diferencial que é a vontade de aprender. Entretanto, conseguem aprender e realizar seu sonho. Por outro lado, alguns trazem seus conhecimentos prévios musicais, embora aprendidos na informalidade e aqui formalizados. Consequentemente, esses saberes constituem elementos fundamentais para diagnosticar a forma como eles aprendem a tocar um instrumento. A educadora musical inglesa Lucy Green, no capítulo final do livro Como os Músicos Populares Aprendem (2001), descreve várias sugestões de possíveis caminhos nos quais os educadores musicais poderiam incorporar as práticas de aprendizagem informal na educação formal. Uma das estratégias sugeridas, segundo ela, é manter uma boa relação do educador musical com os discentes.
Pensando Nisso é que o professor Elízio Moura, (Eliziário) com mais de vinte anos de música na informalidade resolveu se aprofundar no estudo do código Braille e, por conseguinte, a Musicografia Braille que permite ao DV ter a sua disposição o ensino teórico da música e uma ferramenta pedagógica capaz de lhe proporcionar o registro e a concretude do aprendizado musical.
Vale ressaltar que a escola de música ADEVI (Ponto de Cultura: Arte e cultura em favor da cidadania ) oferece o ensino musical, dando a oportunidade de aprender com o auxilio das tecnologias contemporâneas. Estamos falando do software musibraille. Com a aplicação do software a pessoa com deficiência visual terá como fazer sua representação das notas musicais no pentagrama, utilizando as claves, os compassos e realizar leitura de partituras.
A inspiração para o professor da ADEVIACRE foi dada pela mentora do projeto Musibraille a professora Dolores Tomé da cidade de Brasília – DF e que tem como parceiro o professor Antônio Borges do Núcleo de Computação Eletrônica da UFRJ e patrocinado pela PETROBRÁS, o que permitiu a milhares de cegos por todo o Brasil um método de ensino da música diferenciado para pessoas com deficiência visual.
Com o advento do Musibraille, tornou-se mais acessível os estudos da musicografia Braille por qualquer pessoa, bastando para isso um pouco de disposição e tempo para aprender, uma vez que o software é muito didático e as pessoas podem aprender rapidamente. Sendo versátil e muito simples sua operacionalização.
Vale ressaltar que o inventor da técnica da escrita tátil denominada musicografia Braille é o mesmo do método de escrita para cegos o Senhor Louiz Braille, nascido em 4 de janeiro de 1809 na França e que é tido como o bem feitor dos cegos de todo o mundo. Apesar de antigo, o método de escrita pode ser usado por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, traduzindo qualquer partitura musical.
É preciso haver uma disseminação da musicografia Braille em todas as partes, visando a formação de novos músicos com a proficiência de leitura e escrita musical, tem se perdido entre os cegos desde a década de 50, quando existiam cegos que escreviam musicografia muito bem. Muitos pensam que fazer música só de ouvido é o bastante para se formar um bom músico. Para se apropriar de conhecimentos teóricos a respeito da melodia, do compasso e da partitura o sujeito tem que se apropriar do físico, de uma ferramenta cognitiva que ajude na construção do conhecimento e a evolução cultural do músico. No entanto, não desprezamos o aprendizado informal do aluno, principalmente a habilidade de tirar música de ouvido.(habilidade auditiva).
O Musibraille integra pessoas videntes e não videntes em torno da música fazendo com que seja colocado de lado todos os pré conceitos a respeito da cultura das pessoas com deficiência visual já que os colocam em pé de igualdade.
As aulas acontecem de segunda a sexta-feira das 8:00 as 12:00 e das 14:00 as 18:00 na sede da ADEVIACRE. Para fazer as aulas basta realizar um cadastro, se for menor de idade tem que ser acompanhado dos pais ou responsáveis. As aulas também são ministradas para familiares e amigos das pessoas com deficiência cadastrados na ADEVIACRE.
Portanto, a escola de música ADEVIACRE (ponto de cultura: Arte e cultura em favor da cidadania ) oferece além de outras modalidades artísticas um ensino de música com qualidade, desenvolvendo um trabalho sócio-cultural para pessoas com deficiência visual, reabilitando-as para o convívio social.
Vale ressaltar o imprescindível apoio do Governo do Estado do Acre através das Secretarias Estaduais de: Saúde, Desenvolvimento Social e Educação bem como a parceria da Secretaria Municipal de Saúde e Central de Articulação das Entidades da Saúde (CADES) pois não seria possível a realização dos projetos, sem tais parceiros.
telefones para contato: 68 3228-7972, 3776 e 9994-8840
Acredito que podemos reabilitação de todas as pessoas que estão com alguma deficiência e não tem oportunidade de mostrar seu talento.
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